sexta-feira, 17 de abril de 2015

CONEXÕES, Ideias, PERCURSOS e Suspeitas sobre a Fundación La Maldita Vanidad Teatro (Bogotá D.C., Colombia)

Artigo publicado na Revista da MIT-Sp, 2015.



"Vaidade de vaidades, disse o Eclesiastes, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.
Que proveito tira o homem, de todo o trabalho, com que se fadiga debaixo do sol?
Uma geração passa, e outra geração lhe sucede; mas a terra para sempre permanece.
O sol nasce e põe-se, e volta ao lugar de onde nasceu e, renascendo aí, dirige o seu giro para o meio dia, e depois declina para o norte; o vento corre, vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos.
Todos os rios correm para o mar, e o mar nem por isso transborda; os rios voltam ao mesmo lugar donde saíram, para tornarem a correr."
(Livro do Eclesiastes, 1)


Vaidade de vaidades, disse o Eclesiastes, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.
Haveria substantivo melhor para designar o motor do "ser ator"?
Muito já se comentou acerca das habilidades e competências desse profissional da exibição. Seu ofício pressupõe um esforço de alteridade, em que, quanto mais eu afirmo o outro, exponho eu mesmo, quem eu sou, egocêntrico e egoísta, às vezes...
Segundo o historiador holandês, Johan Huizinga, autor de Homo Ludens, "si alguien fuesse capaz de escribir la historia de la vanidad, habría dominado con ello la mitad de la Historia de la cultura" (HUIZINGA: 1994, 69). E talvez quem escrevesse uma história do ator, ao menos no ocidente, se depararia com esse pecado capital, confundido, ao menos em relação aos atores, com uma virtude.
É necessária essa qualidade aos artistas?
As imagens sobre a vaidade em relação aos atores vão longe e podem ser extraídas, daqui e dali, das biografias, tanto dos ilustres desconhecidos, quanto dos mais célebres dos artistas, como tão bem já nos contava Sunset Boulevard ou Crepúsculo dos deuses, de Billy Wilder, em 1950.
Vitorio Gassman, ator italiano que não foi ao longo de sua carreira nenhum prodígio de humildade, definia o comportamento do ator como sendo uma espécie de síntese, um ser intermediário, dizia ele, entre um sacerdote e uma prostituta. Dois outros papéis sociais entre os mais dramaticamente vaidosos na exposição de suas mercadorias.
Como nos lembram as palavras do Eclesiastes, a vaidade nunca saiu de moda. Isso seria um pleonasmo ao tempo de uma sociedade globalizada, líquida, rizomática, sem bordas nem fronteiras com a facilidade do acesso às tecnologias comunicacionais: smartphones, tablets, computadores, e tantos outros equipamentos do mundo digital, com seus aplicativos, que não param de nos ofuscar. Eles são verdadeiros espelhos digitais, que ao integrarem as redes sociais constroem um mosaico de rostos anônimos e vaidosos, cujo único desejo, por sua vez, é ser reconhecido. Esse espelho tecnológico faz com que cada um clame com maior ou menor dose de verdadeira ou falsa modéstia: "estou aqui!", "olhe para mim!", "veja o meu Face!" "Quer ser meu amigo?".
Nessa interface se coloca o conflito entre o desejo de se representar uma imagem do Eu e a real possibilidade de contato, ainda que virtual, deste mesmo Eu com o Outro, quando a vaidosa cacofonia não impera na rede. Quantas vezes, você e eu, não ficamos presos nessa sala de espelhos virtuais sem encontrar a saída? E haveria saída?
Assim, não teríamos melhor denominação para o trabalho de um coletivo contemporâneo de atores jovens. Aí está ela a nos rondar, a nos inspirar... e a eles, no intuito de tratá-la e ao mesmo tempo denunciá-la, essa maldita vaidade, a minha, a sua, a deles mesmos, a nossa, enfim.
Que proveito tira o homem, de todo o trabalho, com que se fadiga debaixo do sol?
No passado houve uma pintura, um gênero particular de natureza morta, denominado de Vanitas. Muito desenvolvida no Barroco, nas telas desse subgenero de natureza morta, os pintores nos apresentam crânios, esqueletos, corpos, frutas ou plantas em decomposição. A mensagem que interessava a esses pintores, ou a reflexão que esse tipo de pintura propunha ao espectador era que o seu visitante meditasse sobre a condição passageira da sua vida, a brevidade do tempo e a inexorabilidade da morte, para qual todos caminhamos. Nesse mesmo sentido, há igualmente a expressão latina memento mori que significa algo como lembre-se de que você vai morrer ou de que você é mortal. A expressão estaria assim associada a um tema pictórico em cuja cena pode-se apreciar um personagem, normalmente um jovem que, em meio a uma ação representando alguns dos prazeres da vida, era surpreendido por Ela, pronta a cortar-lhe o fio da vida. Pode-se estimar que uma das funções da arte também é a de nos lembrar da nossa condição de mortais diante da proveitosa e deleitosa vida. Não seria um pouco disso que La Maldita Vanidad nos oferece em seus espetáculos?
Uma geração passa, e outra geração lhe sucede; mas a terra para sempre permanece.
Assim também se dá com a arte em geral e o teatro em particular, metáfora viva da vida. Assim se dá em relação às gerações de agentes e grupos de agentes criativos que ao se renovarem, criam suas linguagens, imprimem suas estéticas na bolsa de valores artísticos, ressignificando questões, rompendo com padrões e estabelecendo novas relações no fazer artístico.
No caso colombiano, pode-se lembrar uma trajetória significativa, desde o grupo fundado por Enrique Buenaventura, El Teatro Experimental de Cali (TEC) na década de 1960, trabalho que gerou uma nova dramaturgia ao, igualmente, difundir as ideias de Stanislavski e Brecht; passando pela La Candelaria, grupo fundado por Santiago Garcia em 1972, que se tornou uma das referências do dito teatro independente realizado no país e desde então alimentou seus processos criativos investigando as relações sociais com cuidado histórico, acompanhado por uma equipe composta por profissionais de diferentes áreas. Chegando-se aí ao grupo Mapa Teatro, fundado em 1984, em Paris, mas residente em Bogotá e que se autodenomina um "laboratório de imaginação social". Trabalhando com uma dramaturgia contemporânea ou relendo os clássicos, esse grupo problematiza em cena as relações entre a performance e a representação, detendo-se nesses últimos tempos sobre o que ele designa, conforme pode-se ler no seu site, uma "produção de acontecimentos artísticos entre micro-política e poética através da construção de etno-ficções e a criação efêmera de comunidades experimentais."
Nessa trajetória incluem-se o frescor e a inquietação que conduzem os trabalhos do grupo de artistas de La Maldita Vanidad, um expoente da geração teatral colombiana mais nova. Graças ao seu talento e à globalização, eles já alcançaram circulação e reconhecimentos nacional e internacional, dentro do contexto de um teatro de linguagem pouco convencional.
Consultando-se o site do grupo, pode-se perceber que seus integrantes são egressos da famosa geração "y". Uma geração multitask. Uma geração cuja inteligência criativa está associada à síntese de habilidades que conferem novos padrões de produção em relação ao trabalho teatral exercido no plano coletivo.
O sol nasce e põe-se, e volta ao lugar de onde nasceu e, renascendo aí, dirige o seu giro para o meio dia, e depois declina para o norte; o vento corre, vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos.
Todos os rios correm para o mar, e o mar nem por isso transborda; os rios voltam ao mesmo lugar donde saíram, para tornarem a correr.
Na história do espetáculo teatral ocidental, artistas e críticos não se cansam de anunciar que o teatro está em crise, à beira da morte. Crise por conta da competição desenfreada entre o teatro e a indústria cultural, mormente com o cinema e a televisão. Crise em relação ao verbo e ao movimento. Dúvidas acerca do emprego da palavra e do gesto. Incertezas, enfim, sobre a maneira de como se exibir em cena, se interpretando, se representando, se atuando, ou estimando, estar em si mesmo, em nome do outro. Imprecisão sobre a escolha do melhor lugar de onde se ver, se dentro ou fora, se de longe ou perto dependendo da matéria tratada pelo espetáculo.
O fato é que a realidade teatral possui a notável capacidade de nos fazer ver as construções ideológicas do Real e as engrenagens do Político no seio da Sociedade. É nesse sentido que corre o interesse da operação de encenação do grupo La Maldita Vanidad. Assim, valeria lembrar uma reflexão sobre essa matéria feita por Bernard Dort, no final do anos 1960. Discutindo sobre a pertinência do grande repertório universal nos teatros ditos oficiais subsidiados pelo governo, afirmava profeticamente: "em lugar de serem templos de uma verdade histórica ou estética, nossos teatros, sob pena de se esclerosarem, devem se transformar em laboratórios onde autores, diretores, atores e espectadores possam livremente confrontar suas experiências e suas representações da realidade" (DORT: 1977, 36). A atualidade do trabalho teatral latino americano é a resposta a essa inquietação manifesta pelo teatrólogo francês há mais de vinte anos. Essa realidade laboratorial, mencionada por Dort acerca do trabalho teatral, é o que inúmeros grupos teatrais, a exemplo de La Maldita Vanidad realizam hoje, com destaque para uma grande parcela de grupos sociais reunidos pela força agregadora e expressiva do teatro enquanto fenômeno cultural de sociabilidade política, não por ser partidário, mas por manter a sua condição de coisa pública.
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La Maldita Vanidad é um grupo de agentes criativos dedicados ao teatro independente, criado em 2009 por sete sócios fundadores, encabeçado pelo diretor e autor Jorge Hugo Marín. Hoje, o grupo está devidamente instalado na cidade de Bogotá, possuindo uma sede, desde 2013 La Casa de la Maldita, no bairro de Palermo.
Formado em arte dramática pela Universidade de Antioquia, Marín viajou em 2007 para Buenos Aires. Na capital argentina, teve contato com o modo de trabalhar do teatro independente portenho, uma espécie de setor teatral alternativo. Alternativo, aqui, ao sistema de produção e criação, tanto em relação ao teatro oficial, sustentado pelo estado, quanto ao teatro comercial associado ao sucesso de bilheteria, condicionados por títulos de retorno seguro e atores famosos. De regresso a Bogotá, o jovem diretor percebeu que ao invés de esperar por convites ou pela sorte, deveria investir num processo de auto-produção e realizar seus projetos com a colaboração do coletivo de atores e colegas: Angélica Prieto, Maíra Adelaida Palacio, Juan Manuel Lenis, Ella Becerra, Andrés Estrada, Maíra Soledad Rodriguez. Com os meios de que dispunham inaugurariam em 2009 o início de suas atividades, na sala de casa, El autor intelectual.
Desde então La Maldita Vanidad criou as seguintes obras, cuja dramaturgia e direção foram assinadas por Marín: Sobre algunos assuntos de família é o título da trilogia composta por: El autor intelectual (2009); Los autores materiales (2010) e Cómo quieres que te quiera (2011). Posteriormente foram realizadas as obras: Morrir de amor: segundo acto inevitable (2013); Matando el tiempo: primer acto inevitable (2013/14) e Paisaje fracturado (2014).
A primeira vez que La Maldita visitou o Brasil foi em 2012, onde participou do Festival de Palco e Rua de Belo Horizonte, FIT-BH e logo, no mesmo ano, foi a Santos para o Mirada: Festival Ibero Americano de Artes Cênicas e, posteriormente, para o Zona de Transição, em Fortaleza, no 1o. Festival Internacional de Artes Cênicas do Ceará.
A prática de trabalho do grupo se orienta pela observação e apropriação de histórias do cotidiano colombiano, mais precisamente bogotano, detendo-se sobretudo em temas e situações advindos de núcleos familiares. "Me interessa olhar para o núcleo da sociedade, que é a família. E aí dentro colocar esses personagens em situações extremas. Contextos em que se pode esquadrinhar o mais complexo do ser humano." (MENEZES: 2014). Esses temas e situações são desenvolvidos pelos atores e pela dramaturgia do autor e diretor Jorge Hugo Marín. As histórias são ambientadas em espaços reais, relacionados à ação engendrada pela dramaturgia que recicla essas mesmas narrativas. O espectador é convidado a assistir essas situações na condição de voyeur, como salienta a crítica de Luciana Eastwood, em relação aos espetáculos apresentados no FIT-2012. "A encenação hiper-realista oferece-se como um pacto de ilusão, pelo qual se falseia o testemunho de um acontecimento da vida alheia. Eis o paradoxo no qual o grupo envolve o público (…). No limite do hiper-realismo, qualquer fissura pode desetabilizar o pacto" (ROMAGNOLLI: 2012).
O voyerismo está associado à condição do espectador imóvel, mergulhado na obscuridade do moderno teatro, afundado, comodamente, em sua poltrona que retira o seu prazer da observação da intimidade, que se desnuda à sua frente. Há portanto revelação e prazer em sentir-se iludido pela realidade, especialmente engendrada para esse fim pela operação da encenação teatral. Esse pressuposto de prazer do espectador, associado ao ilusionismo e ao desejo de ver revelada uma verdade que irrompe da lógica da cena, são as condições para o estabelecimento das convenções surgidas com o naturalismo.
Observemos as situações apresentadas por La Maldita.
Uma situação: Morrir de amor, segundo acto inevitable, morir
Nesse espetáculo a situação de base do argumento é simples. Luis Eduardo morreu e sua família, devido à sua precariedade econômica se vê a improvisar um velório no meio da sala de casa. A família e os amigos se reúnem em torno do morto para se despedirem. O jovem acabara de morrer em circunstâncias imprecisas. A ignorância, a evasão, a incomunicabilidade dentro do núcleo familiar, a intolerância diante das diferenças, os tabus sobre o corpo e as preferências sexuais, são comportamentos abordados por diferentes situações. Numa palavra, padrões morais e religiosos são colocados em questão.
Outra situação: Matando el tiempo, primer acto inevitable: nacer
Desta vez a ação se dá no meio de um almoço de uma família tradicional, cujo emprego do poder para dominar o povo é uma herança disputada. A árvore genealógica demonstra que o menino que nasce deve dar continuidade à tradição iniciada com o avô. Para tanto o pequeno herdeiro deve ser preparado para essa função que perpetuará esse mesmo poder.
Em ambas situações é clara a intenção de denúncia acerca da realidade colombiana onde se exploram transações ilícitas, desvios éticos, corrupção e violência, numa palavra a hipocrisia eivada de vaidade. Do ponto de vista dos temas preferidos pelo autor e o grupo de atores, destaca-se a família como uma espécie de laboratório de onde afloram as questões essenciais a serem exploradas.
Como resultado desse processo, pode-se perceber uma espécie de síntese estética. Alguns trabalhos suscitaram comentários como o de Valmir Santos que constata que "as peças do diretor e autor Jorge Hugo Marín, de 31 anos, esfregam realismo e naturalismo de precariedade aparente na interpretação, no desenho cenográfico. No fundo, revelam conteúdos explosivos, estocadas na sociedade colombiana radiografada com humor e sem piedade quanto à falsa moral, seja ela cívica, religiosa ou familiar" (SANTOS: 2012).
Como estratégia narrativa, no que se refere à dramaturgia, a crítica destaca o artifício de se fazer falar em cena sobre personagens ausentes da ação. "Sin embargo, permanecen elementos como el personaje ausente, que Marín planteó em El autor intelectual (una madre enferma), Los autores materiales (un arrendatario) y Cómo quieres que te quiera (un padre en la cárcel). Aqui se trata de un muerto, al que están velando, mientras su família y amigos reconstruyen facetas de la vida, desconocidas por ellos." (OQUEVEDO: 2013).
Essa textura de Real fabricada pela palavra e pela situação dramática se torna mais intensa tendo em vista os locais escolhidos para as apresentações, pois os espetáculos não acontecem em teatros convencionais, mas em lugares específicos atinentes à ação. Esses espaços estão impregnados da sua própria memória e conseguem contribuir na síntese entre situação, jogo de ator e lugar. É esse tipo de reflexão que nos leva a pensar em procedimentos criativos e arranjos estético atinentes a uma atualização de processos associados ao modelo de cena idealizada no Naturalismo histórico.
O Romance Experimental e o Teatro Naturalista, ressignificados...
Essas duas formas narrativas, romance e teatro, devem ser percebidas como um processo cuja coerência sobrevêm de distintos estímulos. Dentre esses estímulos ressaltem-se as novas tecnologias do final de século XIX e início de um novo século, como a eletricidade. No plano teatral, assiste-se à consolidação do trabalho do moderno diretor teatral. No âmbito das ideias, eclodem as Ciências Sociais como campo do conhecimento. O contexto social advém de estados republicanos sustentados pelo capital da burguesia comercial e industrial que desfruta de um moderno sistema de transportes, que se assemelha a uma revolução, as grandes ferrovias. O ritmo é o do trem e não mais das carruagens.
Do ponto de vista conceitual, observa-se o adensamento do movimento naturalista, graças às novas disciplinas, oriundas das ciências sociais nascentes, a sociologia e a psicologia. Some-se a elas a própria história que já norteara, como disciplina de base, grande parte da produção romântica. A essas disciplinas que instrumentalizam a pena do autor e o olhar, primeiro do ensaiador dramático, e depois do moderno diretor teatral, aliaram-se as novas técnicas de conhecimento e registro, agora em escala industrial, que possibilitaram o surgimento de duas novas formas narrativas e documentais até então desconhecidas, o cinema e a fotografia.
O Naturalismo sempre é entendido, no seu aspecto estético, como um estilo ou período pouco poético, mormente se comparado ao Simbolismo. É também acusado de ingenuidade por querer reproduzir o real, emoldurado pelos limites da arte do palco. O trabalho de pesquisa prévio, nesse gênero, é desenvolvido pelos agentes criativos, mormente autor e moderno diretor teatral, visto que a escrita dramática, cujo tema abordado pode advir até mesmo de um fait divers, seria obra do autor, enquanto que a teatralidade promovida pela cena seria da competência do moderno diretor. Em certa medida, esse comportamento artístico, processual e investigativo, é resultado do desejo de explicar, quando não de problematizar as grandes causas motoras dos atos perpetrados pelos personagens, sua natureza e o alcance das conseqüências destes atos para sociedade. São assim enfatizados e trazidos à cena os comportamentos desviantes ou, para empregar uma noção cara à sociologia do teatro, comportamento anômicos.
O desejo de tornar pública a expressão de uma experiência é também o exercício de uma técnica narrativa que vai cada vez mais se aperfeiçoar com a narrativa cinematográfica. Pode-se observar algumas relações ou desdobramentos do trabalho de La Maldita que advém dessa inspiração cinematográfica. "De hecho la primera obra que escribí, El autor intelectual, está inspirada en la pelicula argentina Esperando la carroza, basada en la obra de teatro del uruguayo Jacobo Langsner" (SANABRIA: 2013). Ou ainda quando se percebe em relação à construção da cena e seu ritmo que: "O processo de edição é influenciado pelo cinema, ponto de partida para as duas peças: o filme Esperando a carroça, do argentino Alejandro Doria, serve a El autor intelectual assim como Festim diabólico, do inglês Hitchcock, a Los autores materiales." (SANTOS: 2012).
Concluindo... no Eclesiastes pode-se ler ainda:
Todas as coisas são difíceis; o homem não as pode explicar com palavras. O olho não se farta de ver nem o ouvido se cansa de ouvir (sempre as mesmas coisas).
La Maldita Vanidad nos sugere, portanto, que as situações quotidianas continuam a ser o ambiente privilegiado para se construir, e se atualizar, um diagnóstico do indivíduo e da sociedade contemporânea, independentemente do espelho tecnológico ao qual se faça apelo.

REFERÊNCIAS
DORT, Bernard. O Teatro e sua realidade, (trad. Fernando Peixoto). São Paulo: Perspectiva, 1977.
FERNANDEZ, Fernando. "Critica da peça de teatro Morir de amor", in: Kien y Ke, mayo, 5, 2013. Online.
HUIZINGA, Johan. El concepto de la historia y outros ensayos, (trad. Wenceslau Roces). Mexico: Fondo de Cultura Económica, 1994.
LIMA, Magela. "Sobre encontros (quase) impossíveis", in: O Povo, 22 de junho de 2012. Online.
LLANO, Sara Malagón. "Matando el tiempo com vanidad", in: El Espectador, 28, noviembre, 2013. Online.
MENEZES, Maria Eugênia de. "Grupos colombianos perscrutam a violência". In: Teatro Jornal, 12 de abril de 2014. Online.
OQUEVEDO, Catalina. "Morir de amor, la nueva era de La Maldita Vanidad", in: Elpiempo.com, 2 de abril de 2013. Online.
ROMAGNOLLI, Luciana Eastwood. "Irresponsabilidades aos olhos do voyeur". Critica de El autor intelectual e de Los Autores Materiales, da Companhia La Maldita Vanidad. In: Questão de Crítica, 31 de julho de 2012. Online.
SANABRIA, Jorge Hugo. "Jorge Hugo Marín y su compañia La Maldita Vanidad", in: El Tiempo, 29, noviembre, 2013. Online.
SANTOS, Valmir. "Bogotá / FIT-BH – La Maldita Vanidad", in: Teatro Jornal, 26/06/2012. Online.
ZAMORA, Carlos Gil. "Violencias de autor", in: Artezblai, 23 outubro de 2013. Online.